terça-feira, 23 de setembro de 2014

Quarta-feira de cinzas

Tudo começou pelo fim.
O cigarro no cinzeiro,
dois olhos marejados no espelho.
Tudo começou sem sentir.
Os dias sem esteio,
as cores que teimam em não colorir.
E eu escavo, inverto, desejo, apago, subverto o final
sem medo, percebo que o jeito é fazer dos dias carnaval.
Tudo começou por aqui.
O vício nas veias,
o drama caindo como chuva nas telhas.
Tudo faz sentido assim
que os olhos se abrem
e as últimas folhas caem avisando que chegou o fim.
E eu reparo, releio, reescrevo de um jeito insosso o final
e com medo percebo que o jeito é fazer dos meus dias carnaval.

(Mesmo sendo um eterno quarta-feira de cinzas)



Um comentário:

  1. Belo poema, e a música então...
    Gostei dos versos e da sincronia despojada onde tudo se completa.

    P.S.: Cadê seu Gadget de seguidores? :/

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